O som do sino toca em uma igreja no alto de uma ladeira. Um
aviso aos moradores que alguém entrou por uma porta que poucos desejam.
As pessoas se encontram durante a caminhada e na porta das
suas casas. Conversam, sorriem, choram, pulam de um assunto para outro com
extrema facilidade.
O sol ilumina as lágrimas que entram em decadência com as
lembranças, mas todos acreditam no tempo. As esculturas se tornam amarelas e
vivas, beijando o horizonte e cada estranho que passa por ali... Cada montanha
em sua singularidade consegue decorar essa cena.
A multidão aos poucos sobe a rua passando por casas antigas,
chafariz, museus e pelo passado. Como soldados, vão seguindo militarmente em
sentido ao mesmo ponto central daquele fim de tarde, olhando pra cima. Alguns
cansados, outros sentem uma imensa expectativa de presenciar o que já estão
cansados de ver. Um rolo de filme ao revés no olhar demonstra isso!
Mais um polegar levantado para a sociedade do espetáculo.
È cômico, pois todos irão passar por isso. Esses também se
tornarão um objeto intrigante para alguns, mas basicamente de adoração e
lamentação.
O tempo para os que conversam sobre assuntos subjetivos
passa mais depressa. Tempo que atura esses olhares míopes, sujos e cínicos que
juntamente se completam nas bocas que balbuciam palavras de suposto apoio.
Finalmente reunidos na parada das coroas, ninguém diz mais
nenhuma mísera palavra. Alguns observam, enquanto outros caminham em linha reta
deixando suas mentiras, sinceridades, mágoas e alegrias.
Dentro, a decoração barroca parece tornar a cena uma
propriedade da sua história.
Ao lado esquerdo, objetos, memórias, e o pedaço de cada
morador. Não há verdade que sustente as sentenças roubadas de um ladrão de
flores roxas.
Estranhos se cumprimentam com cordialidade em um lugar tão
antigo quanto a decadência humana.
Todos pensam que precisam de você, mas o que não é
descartável ou substituível nesse satélite?
Pra quem conhece bem, essa cena torna-se surreal e não há o
que reparar muito menos o que expressar por um sentimento ínfimo e burlesco.
Por fim, velas são acesas, esperanças renascem e a dor é
previamente aceita.
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