Colaboradores

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

NOVO DESASTRE

Era noite e um memorial marcava a mente de um homem que era tudo, menos decente.
A escória nasceu na barriga da ingenuidade, sob o fogo de uma vontade temporária que se tornou imprudente.
E a jornada começava em passos tortos, pois desde cedo o verme escutava: “aguente o preconceito”. Mas profundamente ele sabia que essa era a obrigação de qualquer um, menos dele. E isso formou o seu conceito.
Carregue esse chifre e seus ombros se cansarão em breve. Nada nem ninguém muda. Essa era a sua verdade.
Ela se suporta temporariamente. Sua concepção era baseada nesse túmulo de mármore com uma escultura de um anjo que expressava a lamentação da liberdade.
Bastava olhar para o céu negro para perceber que a madrugada sustentava suas ideias mais esperançosas.
Ideias que eram interligadas com curtas perspectivas, mas que logo se perdiam com carências libidinosas.
Ao caminhar pela cidade, a besta o seguia e se escondia atrás do cipreste, utilizando a noite como um pássaro negro.
Demônio, memória, demônio. Este massacrava o seu coração com um punho firme e essa percepção que era a sua desesperação.
Ao caminhar pelo campo, várias folhas secas caíam, representando o que ele acreditava ser uma nova era em sua vida.
A cada queda das folhas uma expectativa nascia, mas essas já estavam mortas, assim como a vontade que “escrupulosamente” seria suicida.
Pessoas conversavam e mantinham o falso interesse como o ponto central de algumas horas de superação e agrado.
História recorrente, composta por questões internas. Um gentil exemplo de um diário de valores que em cada vértice é trocado.
Apenas um milagre em um mundo composto por marionetes para haver um pouco de senso crítico, mas ocorreu um inexato sossego.
Bocas costuradas e mentes ansiosas tornaram o rumo daqueles que eram desesperados e absorviam o mundo com um excesso apego.

Todos jogavam o jogo que não toleravam. Era o novo desastre daqueles que jogavam.
NARCÓTICOS PARA UMA EVASÃO

Os fogos de artifícios explodem em sua cabeça
É a cena que você vivencia, mas não se acostuma
Um troféu que você carrega, mas não se orgulha
Te queima com a mais simples fagulha

Todas as declarações maternas e paternas exemplares
o consumiram em um comportamento intimista
A crença que restou foi passada para o parentesco em segundo grau
E o apego foi comemorado com um lindo castiçal

Depois que o vento da costa levou o seu arquétipo perfeito
A Torre del Oro desabou em suas pedras e materiais fundidos
Uma alusão a um modelo incaível, mas que cedeu através do desnorteamento
A reminiscência é escoltada pelo remorso e arrependimento

A base da aprendizagem foi interrompida por algo que não tem mais volta
O uso afanado de um fármaco sustentou os joelhos provisoriamente
Com a origem no grupo de opióides, a espera era que o tempo fosse paralisado
Mas o fracasso foi iminente, convertendo uma promessa em desencanto

A alternativa foi se conformar com esse estado e despegar do pretérito
Depreender que o tempo reconforta e desconsola ao mesmo tempo
Talvez seja melhor se adaptar ao mundo da inércia e abnegação
Acreditando traiçoeiramente que esta seria um método de abolição

domingo, 20 de julho de 2014

“Quando você vive mais o que gostaria de ser do que realmente é, isto é um sinal de que a realidade é brutal demais para ser encarada por uma perspectiva frontal.
Quando o desejo é maior do que se pode alcançar, o momento da percepção pode causar uma frustração intolerável.
Se o passado for marcado por falsas respostas, decida-se: Siga em frente ou o carregue como uma sombra.
A tolerância é relativa ao estado emocional. Somos mais tolerantes de acordo com as emoções no determinado momento da situação.
Por que viver consiste em almejar o que podemos ser dentro das possibilidades e não em maquiar o que gostaríamos de ser com o que realmente somos.
Entenda que a força das palavras está em suas interpretações e o que existe sem respeito não é digno de consideração muito menos seriedade.”     

domingo, 29 de junho de 2014

ISOLAMENTO

Seguindo inabitado pela estrada, ele será mais um ninguém
Basta a natureza abrir as portas para o mais novo refém
Diga aos mais novos que o sol não vai deixar de se pôr
E aos sábios que o tempo curto será bem empregado

O homem observa um mausoléu e um lindo pinheiro
Há um longo período não existe nenhum movimento do ponteiro
Os sonhos são como peças que não se encaixam
Embora uma imagem projetada cause um leve sorriso

A terra cinza ganha uma cor diferente com a lua melancólica
Sombras percorrem essa personalidade bucólica
Em cada canto vazio tudo está pintado de preto
E o crocitar de um corvo negro anuncia que o desejo se aproxima

A expressão da floresta se encontra saciada
Falsas simpatias surgem a cada irônica piada
Esperando por uma carona que refletisse as cores quentes
Apenas alucinações de uma esperança nunca antes notada

Pensar se é necessário confinar os pés ou prosseguir
Talvez levar à intuição da simplicidade ou meramente desistir
Livre é o homem que mantém o pensamento absterso
E possui uma autoestima sólida que o faz pensar no amanhã

A depressão ecoa entre folhas e troncos mortos
Enquanto você peregrina em passos tortos
A escuridão abriga suas ambições em uma ciranda
Nada é tão cristalino e próspero quanto o córrego que contorna as rochas

Avistando uma torre medieval feita de tijolos
Um sino toca em um mosteiro retendo os seus consolos
A fumaça guiada pelo vento representa uma vida mal seguida
E o final será com cinzas em um vaso ornamentado
“É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música.” - Honoré de Balzac

domingo, 9 de março de 2014

O ÚLTIMO ADEUS

Há décadas que respiro através de ajuda
Me disseram que o destino se apresentava através de um polegar levantado
As pessoas dizem como você supostamente deveria ser
Algo sobre os seus ombros sussurra falsas intenções

Poemas em um pedaço de papel azul tornam o amanhã mais melancólico
Poucas coisas foram deixadas para trás, o que te priva de prosseguir
Algumas razões se encontram com escolhas e tornam-se incoerentes
A lua esmaecida caiu em uma alameda

Todas as estações e suas mentiras
Acho que deixarei meus objetivos para trás
Hoje é o dia em que atravessamos a corda
Falsos profetas guiam os inocentes por uma linha estreita

Segure os sorrisos, pois eles logo se tornarão águas salgadas
Um dia memorável para se lembrar com nostalgia
Então você percebe que os seus problemas estão mais embaixo
Suas palavras se tornaram dura o bastante para sentir milhares de facadas em meu peito

Em uma cabeça abusada a sua autoestima foi levada pela vontade
O rei declama palavras carregadas de ódio.
Um dissimulado maior que o próprio ego.
A inocência da manhã é uma terrível agonia

Consigo ver a felicidade nas celebrações
Eu rezo para que o meu nome mude
É uma falsa simpatia que se transforma em isolamento
Passamos perseguindo os anos em redenção

Por favor, acredite na vergonha da falsa solidão
Movendo a dor de um lado para o outro
Disfarçando o equilíbrio que eu mantinha
A evidência de uma ação mal planejada

Criações de um tolo sem existência
Cheguei ao limite até um anjo com uma harpa
É uma forma latente de lidar com o comum
A sua pretensão o levará para um círculo

Me diga que o amor é um vidro que será quebrado
Colocando as mentiras na mesa
Poucos encontram a verdade que vive atrás
O vento sussurra previsões levianas
É tempo de simplesmente partir!
Sim! E sem se despedir!

sexta-feira, 7 de março de 2014

O VEREDICTO

Sonhei com um passado não muito distante.
Em que a insegurança era a continuidade de um amor fracassado.
Entendi o significado dos meus desejos, portanto escolhi deixá-los de lado.

Suas emoções tornaram-se faces desvairadas.
Suas ambições deturparam os fatos e você criou uma concepção ruim sobre mim.

Posso medir a relevância através do seu histórico, mas eu desacreditaria nas pessoas.
O que posso dizer?

Renasci em uma obra desacreditada.
Me tingiram de amarelo ouro e acabei me tornando o abade das palavras.
Me decoraram com uma foice e uma túnica, criando uma fronteira entre minhas posses e objetivos.

O céu vermelho compõe a prisão de uma possível evolução.
E a ordem, uma vez presente, foi queimada com uma porção de alecrim.
Enquanto um Arcangelo toca brevemente uma trombeta causando a sensação de uma paz
taoista que logo foi substituída pela morte de um espírito promissor.